E agora João
Já são mais de 400 as denúncias contra o médium João de Abadiânia, segundo a última entrevista do promotor Luciano Miranda, da força tarefa que apura os abusos sexuais. João cobrou caro de suas pacientes, e mais caro ainda lhe será cobrado pela dor que muitas passaram até aqui – inclusive teve uma que cometeu suicídio!
Agora, o famoso “João de Deus” assiste aos festejos do inferno. É gigantesca a distância entre a consagração da terra e o que se celebra nas trevas! E de braços e corações abertos os infernais aguardam ansiosamente pela chegada do seu João, mais precisamente, do João deles!
E agora João?
A festa nem começou! Está sem mulher...Mas elas continuam sendo abusadas, agora, verbalmente.
Nem podemos nos irritar com a sabedoria jurídica de desqualificar as denunciantes como fizeram com a holandesa, dizendo ser ela uma prostituta com passado de extorsão. Isso é, sim, fazer a vítima sofrer, talvez, mais ainda que a primeira transgressão, mas, não é à-toa que uma pessoa passa mais de 20 anos em salas de aula. Quanto maior a encrenca, mais cobiçado torna-se o troféu, portanto, é compreensível o empenho dos advogados. Incompreensível é o João não ter aprendido os ensinamentos espirituais e não abrir mão de seus direitos jurídicos.
Pela lei terrena o João não pode ficar livre, nem em prisão domiciliar; e o João sabe perfeitamente que, conforme ensina o espiritismo, está tornozelado eletronicamente por suas “autoridades espirituais”, que lhes deram asas para chegar aonde chegou, exatamente para que pudesse, ele (João) e eles (como o João deveria crer) sentar-se para uma espécie de acerto de contas. Salvo enganos é mais ou menos isso que ensinaram ao João. Com certeza, na hora de se defender o João vai jogar a culpa nos espíritos. Eu também creio que os feitos do João sejam coisas dos espíritos, mas, dos imundos, que oferecem garantias de que tudo vai dar certo, mas, na hora que o circo pega fogo salvam só a lona e deixam. E assim fizeram com o João!
Ainda seguindo as doutrinas espíritas, o que resta de vida ao João talvez não lhe seja suficiente para curar sua enfermidade sexual, mas, sabemos nós que em verdade devemos deixar essas coisas para o nosso bondoso e misericordioso Pai.
Cabe a nós apenas exigir que lhe seja aplicada a lei terrena, sem nenhuma beneficie, sem nenhuma piedade, sem nenhum habeas corpus comprado. Aqui na terra a lei tem que garantir pelo menos um consolo a cada uma das vítimas do João, que por maior que seja sempre será menor que o necessário. Mas o vazio que sobrar não será preenchido por vinganças. Assim como só o Pai poderá “refrigerar nossas almas”, só o Pai poderá ter misericórdia ou impiedade para com o João.